O que a Igreja Universal quer da política?
A pergunta-título deste post é motivada, claro, pelo favoritismo do senador e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), Marcelo Crivella (PRB), na corrida pela prefeitura do Rio de Janeiro. Crivella lidera com 63% X 37% de Freixo (Psol), segundo o último Datafolha. Caso Crivella de fato vença, será provavelmente o mais significativo triunfo da IURD em eleições até agora.
Embora negue que levará religião para a prefeitura, o fato é que Crivella faz parte da IURD e esta, por sua vez, há tempos entrou na seara da disputa política. Seus representantes estão concentrados exatamente no PRB, o partido de Crivella. Segundo um levantamento do DIAP, ao menos 13 deputados federais identificados com a IURD e eleitos em 2014 estão no PRB. O presidente nacional do partido, Eduardo Lopes, foi diretor-presidente da Folha Universal, jornal da IURD.
A pergunta sobre o que quer a IURD na política também se coloca, pois, neste ano o PRB cresceu bastante nas eleições. Sua bancada de vereadores Brasil afora aumentou em 34%, são agora 1627; o partido também elegeu 35% a mais de prefeitos. O partido ao qual a IURD está vinculada se multiplicou. Mas, o que quer a igreja do bispo Edir Macedo na política?
A resposta não é simples, mas certamente passa por uma palavra: pragmatismo.
Centralmente, e como explicou em uma entrevista à Agência Pública a pesquisadora Bruna Suruagy, que fez um doutorado sobre os evangélicos na política, a IURD atua prioritariamente para defender os seus interesses. Diz ela: “Quando as temáticas são institucionais, relacionadas a isenção fiscal, alvará de funcionamentos das igrejas, doações de terrenos, distribuição de concessão de rádios e TV, a transformação de eventos evangélicos em eventos culturais pra receber financiamento da Lei Rouanet, questões relacionadas à lei do silêncio. Aí eles atuam de forma articulada…”.
Exemplo deste tipo de pragmatismo foi dado recentemente pelo próprio senador Crivella. Ele foi o autor da proposta de emenda à Constituição (PEC 133/2015), aprovada em março pelo Senado, que isenta do pagamento de IPTU os imóveis alugados para templos religiosos e utilizados para cultos. A proposta tramita agora na Câmara.
Para além das questões mais abrangentes, como a defesa dos valores cristãos, nas quais a IURD se associa a outras denominações evangélicas e aos representantes católicos, a Universal busca na política guarida para o seu quinhão. É natural e seria estranho que assim não o fosse, afinal a política gira em...continue aqui.
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