Tensão entre EUA e Israel vira disputa aberta no fim do governo Obama
Oito anos de tensão entre dois aliados historicamente fiéis se tornaram uma disputa aberta esta semana, quando o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, levou sua intransigência a um novo patamar, durante os últimos dias de mandato do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Com Obama no cargo por mais três semanas, o premiê israelense tentou contorná-lo ao apelar para o presidente eleito Donald Trump para tentar bloquear uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que condenaria a construção de assentamentos por Israel na Cisjordânia.
Mas as maquinações de Netanyahu falharam, e a abstenção dos Estados Unidos durante a votação da resolução do Conselho de Segurança da ONU tornou possível que Israel recebesse sua repreensão mais dura da instituição em mais de 35 anos.
Na terça-feira, o jornal israelense Haaretz publicou um forte ataque à quebra de protocolo por Netanyahu. "Netanyahu não quer ninguém interferindo enquanto ele destrói relações diplomáticas com países, alguns deles amigos de Israel, que 'ousaram' votar pela resolução que declara os assentamentos ilegais", escreveu o jornal. "O enterro do Ministério do Exterior e o abandono da diplomacia mostraram ser partes de um amplo e perigoso plano para se afastar do Direito internacional e parar de jogar segundo as regras dele."
Algum tempo atrás, Netanyahu dissolveu na prática o Ministério do Exterior, passando a tratar de todas as questões de relações externas a partir de seu gabinete. O especialista Aaron David Miller, do centro de estudos Wilson Center, em Washington, classifica o imbróglio como "uma conclusão adequada para uma novela de oito anos", chamando a relação pessoal entre os líderes dos EUA e Israel como "a mais disfuncional nos últimos 30 anos".
Contraste de personalidades
Em parte, essa disfunção, segundo ele, é provocada pelo contraste entre as personalidades de Obama e de Netanyahu. Mas, além das personalidades e do que parece ser uma antipatia pessoal, a relação azedou mesmo por causa de duas visões opostas de como avançar para uma solução pacífica para o conflito israelo-palestino, que cozinha em fogo brando e ferve em intervalos regulares desde que Israel tomou os territórios ocupados, Cisjordânia e Faixa de Gaza, durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Em 2005, Israel se retirou da Faixa de Gaza, apesar de manter um controle externo do território por meio de restrições.
Há mais de duas décadas, a sabedoria convencional diz que o caminho para uma paz viável e sustentável entre israelenses e palestinos é uma solução de dois Estados, ou seja, um Israel soberano e uma Palestina soberana, lado a lado. Fundamental para essa solução é a compreensão de que Israel teria que desocupar muitos de..continue aqui
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